quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

La Petite Mort

As paredes abraçam-me quando me sento no canto da sala, o sabor da faca, anteriormente afiada nos ouvidos, mistura-se no ferro do sangue, os dentes gritam e a dor sai devagar pelas unhas partidas na carne...
A estranha fraqueza da memória permite "la petite mort"...
Ouço a vontade omissa de voltar nas paredes, levanto-me na direcção do chão... Os cigarros, deixados por apagar, esmagam-se na carne e naquele momento nada sabe melhor do que esmagá-los com a boca.
Rastejo pelo fumo inalado, enterras o desejo que mataste na cinza enquanto o tempo conspira coagulando o sangue que guardaste na mão...
As paredes, cansadas, olham-nos desesperadas, guardam o que resta no rodapé da memória, vendem a nossa sorte aos próximos que passarem pelo quarto da vontade.

(for LTC)

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